Filha de emigrantes a�orianos, V�ronique Laranjo nasceu em Tours (cidade no centro de Fran�a) e a� ficou at� se mudar para Londres e, mais tarde, para Paris, onde trabalhou com as marcas de luxo Prada e Marc Jacobs. Propriet�ria de uma ?boutique' junto ao Largo do Carmo em Lisboa, chegou a Portugal h� sete anos. "Decidi voltar �s minhas ra�zes. Fiz um estudo de mercado, vendi o meu apartamento e consegui o dinheiro necess�rio para come�ar esta aventura", diz a empres�ria, de 43 anos, ao Jornal Econ�mico.
V�ronique vai cerca de quatro vezes por ano a Fran�a para ver a fam�lia, os amigos e as novas cole��es de roupa. Em Lisboa "adora o clima e a proximidade entre as pessoas". Em Paris prefere "a hist�ria e a cultura".
Sobre as elei��es presidenciais n�o tem d�vidas: "Rezo para que Marine Le Pen n�o ganhe. Ela diz que defende as mulheres mas sempre votou contra as medidas que melhoravam a vida das mulheres", explica. Sobre Emmanuel Macron destaca algumas das medidas do candidato centrista. "Quer melhorar a educa��o das pessoas mais desfavorecidas, impedir os pol�ticos de darem empregos a familiares ou criar milhares de empregos para for�as policiais. � um pol�tico bastante novo e, portanto, acredito que consiga fazer algumas coisas que prometeu."
Jean Claude Ribot, um franc�s de 61 anos, � o dono de um estabelecimento de est�tica canina na Avenida Almirante Reis. H� dez anos deixou a cidade de Versalhes porque se apaixonou por uma portuguesa. Funcion�rio de uma cadeia de retalho franc�s decidiu criar o neg�cio, ap�s um curso em Paris. A paix�o pela portuguesa teve altos e baixos mas loja vai de vento em popa, com mais de mil clientes. "Esta � uma zona muito concorrida", explica, ao mesmo tempo que penteia o c�o com uma enorme destreza. Em cima da bancada est�o tesouras, l�minas, pentes, escovas e at� perfume. "Aprendi a falar portugu�s a ler e a ouvir televis�o."
No pr�ximo domingo Jean Claude vai votar Macron apesar de "n�o gostar muito do candidato centrista". Na primeira volta votou em M�lenchon. "Na minha opini�o Marine Le Pen � igual ao pai [Jean-Marie Le Pen]. Se sairmos da Europa o que vamos fazer?"
Este franc�s mostra-se ainda preocupado pela elevada taxa de desemprego em Fran�a e n�o acredita que Macron fa�a a diferen�a nessa �rea. Al�m disso, alerta para outro problema: "Nas elei��es legislativas de junho o movimento En Marche!, de Macron, � outra grande inc�gnita". � beira da reforma, Ribot quer passar metade do ano em Portugal, para aproveitar o bom tempo, e a outra metade em Fran�a.
Comunidade pode chegar aos 30 mil habitantes A comunidade francesa em Portugal conta com cerca de 16.500 inscritos nos registos da sec��o consular, e estima-se que o n�mero de n�o-inscritos seja cerca de 30 mil pessoas. � uma popula��o com um n�vel socio-profissionnal elevado. Mais de metade dos inscritos trabalham no sector terci�rio, onde as mulheres s�o t�o numerosas como os homens. A maioria dos franceses est� fixada em Lisboa e no Porto. No Sul do pa�s vivem cerca de mil.
Numa entrevista recente � RTP, o embaixador franc�s considera que Portugal � o "pa�s da moda" em Fran�a. Jean-Michel Casa sublinhou ainda o papel das empresas francesas em Portugal, notando que n�o se foram embora com a crise e investiram em algumas das privatiza��es. "Portugal est� na moda porque merece. � um pa�s bonito e Lisboa � uma das mais belas capitais da Europa, sempre o foi". O n�mero de eleitores inscritos tamb�m aumentou quase 40% desde as elei��es de 2012.
Mehdi Benlahcen, representante eleito dos franceses em Portugal, e professor de economia no Liceu Franc�s, nasceu em Toulouse e chegou a Portugal em agosto de 2008 para dar aulas. Agora tem tamb�m a miss�o de ajudar os compatriotas a instalarem-se no pa�s e a ultrapassarem problemas de desemprego, por exemplo. Ali�s, este � um dos temas mais discutido na sociedade francesa. "O desemprego em Fran�a est� a baixar mas ainda � alto. E o crescimento tem aumentado a um ritmo lento", explica o professor.
Para o representante da comunidade, de 39 anos, "Macron ser� o pr�ximo presidente" embora haja a grande d�vida nas elei��es legislativas de junho. O l�der do movimento En Marche! precisar� de um primeiro-ministro da sua confian�a e de um parlamento que esteja com ele. Segundo Benlahcen uma das prioridades do candidato vencedor deve ser o est�mulo ao consumo atrav�s "da manuten��o do rendimento m�nimo", "aumento de sal�rios na fun��o p�blica" e "cria��o de emprego". "Em Fran�a o n�vel dos impostos � alto e muitos empregadores optam por vir para Portugal", acrescenta.
Franceses na Senhora do Monte Alexandra Le Falher, fundadora da empresa Lisbonne Collection (que se dedica ao arrendamento de apartamentos para turistas) e mentora da associa��o Entreprendre.pt chegou h� nove anos a Lisboa. Adora a parte hist�rica da cidade, os bairros mais familiares e a vista sobre a cidade. Ali�s, a empresa de Alexandra, de 41 anos, natural dos arredores de Paris, fica a poucos metros do miradouro da Senhora do Monte.
Por estar situado no ponto mais alto do Bairro da Gra�a, � um dos locais com melhor vista panor�mica da cidade, especialmente sobre a Mouraria e o Castelo de S�o Jorge. A paisagem, o clima e os pitorescos bairros hist�ricos s�o raz�es suficientes para se manter em Portugal com o marido e os dois filhos e ajudar mais franceses a instalaram-se no pa�s. Na Entreprendre.pt, que conta com cerca de 70 membros franc�fonos e de diferentes �reas (restaura��o, comunica��o, ?coaching', ?startup', entre outras) promovem-se v�rios eventos: juntam-se uma vez por m�s para serem apresentados os novos membros e discutir projetos. "E fazemos trimestralmente uma confer�ncia com um profissional sobre assuntos atuais, como a legisla��o jur�dica ou laboral", acrescenta.
A associa��o ajuda tamb�m quem deseja montar um neg�cio em Portugal. "A Fran�a est� a crescer pouco e a din�mica empresarial de Portugal � muito boa. Lisboa � uma grande capital europeia. Os portugueses t�m enorme potencial em tecnologias ou servi�os", explica. Em rela��o �s elei��es do pa�s onde nasceu est� "completamente contra Marine Le Pen" e vai "votar Macron". "O novo presidente precisa de recriar a uni�o dos franceses em torno de um� projeto comum. A Fran�a tem todas as condi��es para melhorar mas falta uma mentalidade positiva", conta. No Miradouro da Senhora do Monte os turistas (muitos deles franceses) apreciam a vista e tiram fotografias. Meia d�zia de ?tuk tuk' aguardam pacientemente por eles. O tempo parou e ningu�m quer arrancar. Afinal de contas, n�o � todos os dias que se pode assistir ao p�r do sol sobre o rio Tejo, naquele que � considerado um "balc�o" privilegiado sobre a cidade. l