Relatório aponta que materiais inadequados em aterro causaram derrocada em Guimarães
A derrocada de terras na estrada que liga Guimarães a Fafe, a 02 de Abril, terá sido provocada pela “deficiente execução” e utilização de materiais “inadequados” na construção do aterro que sustentava a construção habitacional na encosta da via. Estas são conclusões do relatório da Comissão de Avaliação constituída pela Câmara Municipal de Guimarães para averiguar as causas da “pequena tragédia” em Mesão Frio, que levou a que seis famílias ficassem desalojadas e que por “razões de segurança” continuem “sem data” para voltarem a casa. Contactada pela agência Lusa, a empresa Manuel & Fernando Moreira, Lda, responsável pela construção do referido aterro, na Travessa da Ribeira, Mesão Frio, não quis prestar declarações sobre este relatório, referindo ainda a “chuva intensa” do mês de Março como facto que complicou a “débil” situação do aterro. Pelo que aponta o texto, “foi a deficiente execução do aterro decorrente da ausência de projecto geotécnico para o mesmo e da utilização de materiais inadequados para a sua construção”, que terão estado na origem do deslizamento do equivalente a 80 camiões de terra para a Estrada Nacional 206. O relatório afere também sobre a existência de uma linha de água no local, “de acordo com uma carta militar” mas que no projecto “não existe qualquer elemento” sobre esta linha uma vez que, realça, “não existe projecto geotécnico do aterro”. A comissão aponta ainda que “é provável que a elevada pluviosidade” no mês de Março “tenha contribuído para despoletar o escorregamento, agravando uma situação que por si já era débil devido à deficiente execução do aterro”. O deslizamento no início de Abril desalojou seis famílias, habitantes das moradias construídas em cima do aterro, que continuam “sem data” para o regresso a casa. “Não sei quando posso voltar para a minha casa. Sei que são necessárias obras para isso. Mas também não lhe sei dizer a quem cabe fazer estas obras. A situação está a ser analisada”, explicou à Lusa um dos moradores desalojados, Hugo Carvalho. Sobre as habitações, o texto aponta que os edifícios têm uma “estrutura estável” mas que “existe possibilidade de ocorrerem escorregamentos adicionais no terreno principalmente se ocorrer precipitação intensa”. Além disso, aponta a comissão, “acresce que a sapata de um dos edifícios encontra-se danificada e parcialmente descalça” pelo que, recomendam os técnicos, a habitabilidade das moradias “exige um plano de reforço e reabilitação que restabeleça os níveis de segurança estrutural a este tipo de construções”. Este “reforço” deve passar, aponta o documento, “pela realização de obras que permitam o acesso integral aos edifícios repondo as cotas existentes antes do escorregamento”. Um outro morador, que preferiu não ser identificado disse ainda à Lusa que “o problema está longe de estar resolvido” porque, explicou, “o construtor não assume responsabilidades e o processo agora é um jogo de empurra”. “À data do incidente, fonte da construtora negou a existência de “qualquer linha de água” e garantiu que “a construção foi feita com todos os cuidados” e que “não tinham qualquer culpa” no deslizamento. A variante que liga Fafe a Guimarães, pela qual passam diariamente cerca de 25 mil carros, esteve 15 dias fechadas para os trabalhos de remoção da terra, a cargo da Estradas de Portugal.
in Construir

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