Embaixador português em Maputo destaca relação de “grande proximidade” com Moçambique

altO embaixador português em Maputo, José Augusto Duarte, destacou “a relação política de grande proximidade” com Moçambique, que também tem com Portugal “uma parceria estratégica”, como atesta a visita que o Presidente moçambicano inicia terça-feira a Lisboa.

“Ficou claro que há um esforço por parte de Portugal de assegurar a Moçambique um lugar de destaque na sua política externa”, observou à Lusa José Augusto Duarte, em vésperas da última visita oficial a Lisboa do Presidente moçambicano, Armando Guebuza, que se encontra em fim de mandato, a convite do homólogo português.

“O facto de o Presidente de Moçambique fazer uma das últimas visitas oficiais, talvez a última, a Portugal também significa que o lado moçambicano tem com Portugal uma parceria estratégica e uma das suas relações externas de maior relevância”, realçou, acrescentando que a presença de Guebuza em Lisboa noutras ocasiões é igualmente sintomática da “relevância e centralidade das relações entre os dois estados”.

José Augusto Duarte assinalou que, desde que chegou há um ano a Maputo, estiveram em Moçambique 12 membros do Governo português e foram a Portugal 13 membros do Governo moçambicano, além da cimeira bilateral, em março na capital moçambicana, com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e outros membros do executivo.

“É uma coisa muito equilibrada, não foi feita de propósito, mas dá uma visita por mês, em todas as áreas, da educação à saúde, da economia às finanças, o que atesta a vitalidade e diversidade da relação política entre Portugal e Moçambique”, comentou.

O diplomata lembrou que Portugal é um dos maiores investidores em Moçambique, o maior criador de emprego neste país, traduzindo “uma relação política de grande proximidade, de grande lealdade e de grande amizade”.

A visita de dois dias de Armando Guebuza a Lisboa será “essencialmente política”, uma vez que passaram apenas três meses desde a cimeira luso-moçambicana, na qual foram assinados 19 acordos bilaterais e libertados 134 milhões de euros para investimentos em Moçambique.

“Não há lapso de tempo suficiente que permita uma renegociação de coisas novas, embora seja possível que ainda assim haja um ou outro dossiê para aproveitar o ensejo da visita”, afirmou o embaixador português em Maputo. José Augusto Duarte referiu-se também à diversidade das relações entre os dois países e que não se confinam à parte política e institucional.

“Há uma intensidade de contactos de intelectuais, académicos e empresários, o que faz com que a relação entre Portugal e Moçambique vá muito além do bom entendimento entre as autoridades dos dois países”, sustentou, tornando a relação “mais estratégica, mais profunda e com maior perspectiva de longo-prazo”.

Para o diplomata, “uma relação reduzida a um componente fica amputada de alguma forma de outros componentes vitais para a sua solidez e complexidade”, pelo que Portugal estimula todos os contactos entre as sociedades civis dos dois países. “Todos temos a ganhar com isso”, afirmou.

O embaixador afastou qualquer alteração das relações com Moçambique, em resultado das eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) de 15 de Outubro, e que irão marcar a substituição de Armando Guebuza.

“A componente pessoal é importante como elemento de enriquecimento de uma relação institucional, mas a nossa relação é estruturante, estado a estado, não creio que haja possibilidade de haver alguma interferência”, afirmou, acrescentando que as opções de política externa não variam em função dos detentores dos cargos.

José Augusto Duarte espera que as eleições decorram de forma tranquila, em que “todos percebam que ganhar ou perder são partes fundamentais do jogo democrático” e que “o processo eleitoral enriqueça e valorize o aprofundamento da democracia e estado de direito moçambicanos”.

in Construir

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