Trienal de Arquitectura fecha um ciclo depois de “questionar respostas óbvias”

A Trienal de Arquitectura de Lisboa “fecha um ciclo”, ao fim de três edições, “depois de ter questionado muito as respostas mais óbvias” com o formato desenhado pelo terceiro evento, sublinhou hoje o presidente da entidade, José Mateus.

Em declarações à agência Lusa, a propósito do balanço da terceira edição da Trienal, que encerrou no domingo, o arquitecto sublinhou que o evento dedicado ao tema “Close Closer” “foi uma proposta curatorial distinta”.

Nesta terceira edição, a Trienal descentrou-se do edificado em tijolo e cimento para se focar em projectos complexos, multidisciplinares, com a ajuda das inovações tecnológicas, aproveitando o espaço público existente.

“Achámos interessante pulverizar o debate no espaço público, em vez de fazer uma grande conferência internacional, fechada”, apontou.

Ao longo de três meses, a programação com curadoria geral de Beatrice Galilee apresentou eventos, discursos, conversas, peças de teatro, campanhas, concursos, debates, publicações, interfaces multidisciplinares e acções cívicas.

Também foram criados pólos expositivos como “A Realidade e Outras Ficções” (Espaço Carpe Diem Arte e Pesquisa), “Futuro Perfeito” (Museu da Electricidade) e “O Efeito Instituto” (MUDE – Museu do Design e da Moda, Colecção Francisco Capelo).

José Mateus indicou que a escolha de Beatrice Galilee, através de um concurso internacional, não se deveu a uma intenção premeditada de procurar um curador estrangeiro, mas porque a proposta apresentada pela britânica “tinha um lado de internacionalização que ampliava o espaço de discussão”.

“Também a forma como era abordada a arquitectura nesta proposta era pertinente no momento actual, em Portugal, de discussão de outras formas de ser arquitecto”, justificou.

O presidente da Trienal de Arquitectura de Lisboa recordou que o objectivo essencial do evento continua a ser “a transmissão de conhecimento e de investigação” na área da arquitectura, mas sempre associada a outras áreas, como o design.

Vendo as três edições – cada uma, numa abordagem distinta, mas complementar – José Mateus apontou que cada uma aconteceu em circunstâncias diferentes: “Em 2007, por exemplo, a primeira edição aconteceu numa altura em que se falava em grandes projectos arquitetónicos para Lisboa, como o da frente ribeirinha ou o do Parque Mayer”.

Na edição deste ano, aumentou “o número de projectos associados [cerca de uma centena] e foram abordados aspectos que pareciam interessantes para gerações mais novas, abrindo-se uma discussão muito forte e muito interessante, a vários níveis, do que deve ser o trabalho do arquitecto”.

Passadas três edições, a Trienal “fecha um ciclo e vira uma página, depois de se ter consolidado como um espaço de oportunidades”, salientou José Mateus.

O presidente do evento dedicado à arquitectura destacou ainda a decisão de o Governo ter reconhecido a entidade com estatuto de utilidade pública, e ainda a possibilidade de passar a ter uma sede própria, no Palácio Sinel de Cordes, um espaço cedido pela Câmara Municipal de Lisboa.

Sobre a próxima edição, em 2016, que está já a ser pensada, algumas ideias serão reveladas “em breve”, apontou.

in Construir

Ver original


Parcerias

Arquivo