Venezuela: Estará o ?paraíso perdido' a caminho da anarquia?

Confrontos violentos entre as forças militares e as forças da oposição incendiaram novamente as ruas de Caracas esta segunda-feira, repetindo o cenário dos últimos dias. Entre as praias do Caribe e algumas das maiores reservas petrolíferas do mundo, a Venezuela transformou-se num ?paraíso perdido'?

Milhares de manifestantes exigem a demissão do presidente Nicolas Maduro, que ordenou que as forças militares saíssem à rua para manter a ordem. Os confrontos já causaram pelo menos 36 mortos, centenas de feridos e outros tantos detidos.

Com uma economia fortemente dependente do petróleo, e que sustentava os programas de infra-estruturas ou sociais, o país foi atingindo pela queda do preço da matéria-prima, que representava 90% das exportações venezuelanas. No meio de uma grave crise económica com uma inflação galopante, as maiores empresas abandonaram o país e a luta diária passa pelo acesso a alimentos ou a cuidados de saúde.

A 29 de março, o Supremo Tribunal da Venezuela dissolveu o parlamento ? no qual a oposição tinha maioria -, concentrando em si todos os poderes legislativos. A medida permitiu que os dois restantes poderes, quer o poder executivo, quer o poder judicial, fossem controlados pelo partido de Maduro.

Foi o rastilho num país à beira da erupção.  A decisão foi revertida em três dias mas os protestos já tinham tomado conta das ruas.  A oposição intensificou-se quando a 7 de abril o governo notificou o principal líder da oposição, Henrique Capriles.

E com milhares na rua, Maduro convocou a Assembleia Popular na semana passada com o intuito de consolidar o poder. A oposição salientou que "esta Assembleia constituinte pretende impor um modelo eleitoral cubano", argumentou Jorge Millan à Reuters. "Nós, os venezuelanos não vamos permitir fraude".

Maduro parece não balançar. Num tom desafiador, classifica os manifestantes como “vândalos e terroristas”, garantindo que "vamos apanhar até ao último dos atacantes", citado pela CNN.

Já Henrique Capriles acusou a alteração constitucional de Maduro ir contra a Carta da Venezuela, que estabelece ser necessária a aprovação dos eleitores para alterações constitucionais.

O país tem atualmente 10,5 mil milhões de euros em reservas externas, de acordo com dados recentes do Banco Central da Venezuela, enquanto em 2011, tinha cerca de 30 mil milhões de euros em reservas.

A desvalorização da moeda, a corrupção e a queda do preço do petróleo são alguns dos problemas que fez agudizar a crise económica, com uma inflação que deverá subir 1,660% este ano e 2,880% em 2018, segundo o Fundo Monetário Internacional.

in Diário Economico

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