Em entrevista à SIC, o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, indicou que acredita que o próximo Papa não vai ser europeu.
"Noto a presença extra europeia maior, mesmo em sítios de direção, de reuniões. É cada vez maior. Esta é a realidade da igreja. A grande força numérica da Igreja e do Catolicismo atual não está na Europa", enfatizou Manuel Clemente em declarações ao canal de Carnaxide transmitidas este domingo à tarde.
Na opinião do cardeal patriarca de Lisboa, a influência e prevalência da "extra Europa" é normal, tendo em conta o fator população, e nas próximas eleições vai ter peso porque a maior parte dos eleitores não são europeus.
Questionado sobre se os principais adversários do Papa Francisco estão dentro ou fora da Igreja, o patriarca referiu que não sabe se ele têm “assim tantos adversários propriamente ditos”. De acordo com Manuel Clemente, trata-se de uma questão de sensibilidade. “Há pessoas que se entendem melhor com este estilo existencial e misericordioso”.
Na perspetiva do cardeal patriarca, o Sumo Pontífice vai encontrar um país com “muitos aspetos positivos” e uma população coesa, quando chegar a Portugal, na próxima semana.
Além dos temas religiosos e da próxima visita papal, a mesma entrevista abordou questões políticas e económicas. Manuel Clemente referiu que na atualidade não faz sentido fazer distinção entre as tradicionais políticas de esquerda e de direita. “No sentido clássico, do século XVIII-XIX, liberalismo extremo e coletivismo extremo, acho que as coisas hoje são de outra ordem”, disse.