Emmanuel Macron: ganhar as eleições pode ser a parte mais fácil de governar

À frente de todas as sondagens por uma margem confortável, Emmanuel Macron é o mais provável sucessor de François Hollande na presidência da república francesa. Mas mesmo que a votação de hoje dite a derrota da extrema-direita de Marine Le Pen, isso não é suficiente para garantir que a França passa a ser sinónimo de estabilidade política.

Com eleições legislativas marcadas para junho, há quem tema que Macron tenha dificuldades em governar. Os franceses serão chamados a comparecer novamente nas urnas para determinar a nova composição da Assembleia Nacional francesa e, como Macron não tem um partido e concorre como um movimento independente, pode ter dificuldades em formar governo devido à falta de apoio político, no parlamento.

Como recorda o Guardian, o movimento En Marche!, de Emmanuel Macron, nunca elegeu um único candidato em nenhuma eleição, local ou nacional. O próprio Macron nunca desempenhou um cargo eleito, apenas foi nomeado. O sistema político francês é semi-presidencialista. O presidente ocupa a posição cimeira do Estado e escolhe um primeiro-ministro, que depois recomenda os ministros do governo. Mas todos eles são normalmente do partido do presidente. Macron só pode fazê-lo se obtiver uma maioria absoluta, quando parte de uma base de zero.

Pascal Perrineau, conceituado politólogo da Ciences Po, alerta no jornal para as dificuldades de Macron após as eleições presidenciais. “Macron não tem deputados. Se vencer, terá de organizar uma maioria parlamentar a partir do zero em poucas semanas “, explica. E se Macron não tiver uma maioria parlamentar? "Não pode governar; é uma eleição morta", considera o académico.

O Guardian explica que, se Macron enfrentar uma maioria hostil na câmara baixa do parlamento, pode ser  forçado a nomear um primeiro-ministro fora do seu movimento, o que limitaria o seu espaço de atuação face à oposição. Uma possibilidade, acrescenta o jornal, é que En Marche! pode ter o maior grupo de deputados, mas não a maioria, deixando um governo Macron com espaço limitado para manobrar, "mas não inteiramente constrangido".

"Sozinho, ele não é nada. A política é uma carreira inteira. As pessoas não vão aproximar-se dele só porque tem um sorriso extraordinário, sangue jovem e olhos azuis. Terá de haver negociações sérias”, conclui Perrineau.

in Diário Economico

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