A crise das lideranças ou a falência da democracia

Numa Europa cada vez mais sem líderes e ao mesmo tempo cada vez mais rodeada de líderes fortes – como são Vladimir Putin na Rússia, Erdogan na Turquia e Trump nos Estados Unidos – como é que o espaço comum pode ser devidamente administrado?

A pergunta, feita pelo ex-candidato independente à presidência da república Paulo Morais ao presidente independente da câmara do Porto Rui Moreira no âmbito de um debate na Universidade Portucalense, mereceu primeiro uma explicação: a crise de lideranças deu-se a partir do fim da guerra fria, quando deixou de ser evidente quem eram amigos e “deixámos de perceber quais são as nossas fronteiras. E isso implica riscos assimétricos” disse.

Por outro lado, com a união europeia, a soberania deixou de estar dentro das fronteiras. “As grandes decisões que afectam o quotidiano já não são definidas em Portugal. E não há um presidente da Europa”.

Para Rui Moreira, sobrevive ainda outra questão importante: “A seguir ao 25 de abril, votava-se pela positiva. Subitamente isso foi alterado, nomeadamente nas eleições europeias. Votar contra é o princípio contrário à democracia”.

E as redes sociais fizeram o resto: alteraram a percepção sobre a comunicação social: “passámos todos a redigir as nossas próprias notícias em blogues e mais tarde no Facebook, e passou a ser a nossa participação cívica, e votar já não interessa”.

E o acidente aconteceu: o aconteceu: o Brexit e possivelmente a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. É neste quadro que Rui Moreira traça três caminhos possíveis: o regresso às ditaduras; Tentar a aventura da democracia directa e não representativa, uma democracia referendaria, com voto via net, o que na sua opinião é um enorme risco; ou a reorganização dos partidos, que já aconteceu noutros países: Itália, França, Bélgica Holanda Dinamarca. Como? “Não quero dar uma resposta”, afirmou, até porque Rui Moreira não é de nenhum partido e por isso entende não dever estar a dar lições de moral aos outros.

De qualquer modo, no seu entender, é esta reorganização que, somada a uma verdadeira representatividade dos europeus no aparelho do inexistente estado europeu, pode fazer regressar ao activo os que algum dia poderão vir a constar dos livros de história como verdadeiros estadistas. Até lá, é preciso esperar.

in Diário Economico

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