Cavaco Silva: “País beneficiou muito da ação da nova presidente da Gulbenkian”

Isabel Mota tomou hoje posse como presidente da Fundação Calouste de Gulbenkian, tendo estado presente na cerimónia o ex-presidente da República Aníbal Cavaco Silva, que enquanto primeiro-ministro lhe entregou a pasta de secretária de Estado do Planeamento e do Desenvolvimento Regional, entre 1987 e 1995.

Em declarações aos jornalistas citados pela Lusa no final da cerimónia, Cavaco Silva disse não ter “dúvidas que a Fundação fica em boas mãos”, considerando que Isabel Mota é “uma mulher inteligente, de grande competência, criativa e com capacidade de direção”. “O país muito beneficiou da ação que ela desenvolveu como secretária de Estado, conseguindo mobilizar para Portugal muitos fundos estruturais que ajudaram à modernização do país”, referiu.

Artur Santos Silva e Cavaco Silva recordaram ambos, no dia da tomada de posse, que a nova presidente “esteve por de trás dos projetos que foram construídos nos últimos tempos na Fundação e que ajudaram a projetar ainda mais a fundação no plano interno e externo e a melhorar as condições da sustentabilidade do país”.

“É uma mulher extraordinária. Sinto um grande orgulho pelo facto de ter tido a colaboração de Isabel Mota quando desempenhei a função de primeiro-ministro”, elogiou o ex-chefe de Estado.

Por sua vez o presidente cessante da instituição, Artur Santos Silva, disse no seu discurso durante a cerimónia que a Gulbenkian neste momento está menos dependente do petróleo. “A Fundação está neste momento "muito menos dependente dos rendimentos gerados" pelo petróleo e o gás. “Deve porém ser salientado que, em relação aos nossos recursos próprios, os ativos de petróleo e gás que representavam 38%, no final de 2011, hoje apenas se situam em 20%, estando a Fundação muito menos dependente dos rendimentos gerados por tais ativos", declarou. Acrescentou que, aplicando as regras internacionais, "o fundo de capital [da Gulbenkian] conheceu nos últimos cinco anos uma redução em 125 milhões de euros, para 2.520 milhões de euros”, avança a Lusa.

Artur Santos Silva que deixou hoje a presidência da Fundação Calouste Gulbenkian e vai ser o responsável pela Fundação Bancária La Caixa em Portugal, agradeceu nessa intervenção o apoio prestado pelos funcionários da fundação e da equipa do Conselho de Administração, durante o seu mandato de cinco anos.

Ainda no discurso da cerimónia – que não estava previsto e foi feito a pedido de Isabel Mota — o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou à nova presidente da Gulbenkian elogios.”Já aqui foi sublinhado pelo seu antecessor o conjunto de qualidades de caráter, de dedicação, de preocupação social, de rigor, de bom senso que legitimam as expectativas da sociedade portuguesa relativamente a esse mandato”, sublinhou Marcelo.

O Presidente da República considerou ser reconfortante “saber-se que este testemunho fundamental para o país se encontra em tão boas mãos”.

Isabel Mota citou Sophia de Mello Breyner

A nova presidente da Fundação Calouste Gulbenkian defendeu no seu dicurso que a instituição, com 60 anos, “tem de ousar trilhar caminhos novos como, aliás, sempre o fez no passado”. “Para mim, este é também o principal desígnio da fundação – a mais relevante instituição filantrópica portuguesa -, antecipar o futuro e apostar na inovação, ajudando a preparar os cidadãos de amanhã”, avançou Isabel Mota.

Na visão da nova presidente a Fundação deve ser vista como um todo”, “alinhada pela mesma visão e missão, aumentando o impacto social das suas actividades” e o reforço do “planeamento estratégico e a colaboração entre todas as áreas”.

Assumindo claramente a importância da cultura, Isabel Mota citou a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen: “A cultura não existe para enfeitar a vida, mas sim para a transformar, para que o homem possa construir e construir-se em consciência, em verdade e liberdade, e em justiça”.

“Uma sociedade culta dificilmente será compatível com uma sociedade que não é solidária”, disse agradecendo o apoio dos funcionários da Gulbenkian desde o momento que entrou no conselho de administração da instituição, em 1999.

 

in Diário Economico

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