Fed não surpreende, mantém estímulos e taxa de juro inalterados

Tal como se previa, a Reserva Federal norte-americana manteve a taxa de juro de referência e a política monetária acomodatícia sem alterações. Depois da reunião de dois dias, o Federal Open Market Committee (FOMC) anunciou que a desaceleração do crescimento económico nos EUA é transitório e que se espera um contínuo fortalecimento do mercado de trabalho.

A taxa de juro indicadora, a federal funds rate, mantém-se entre 0,75% e 1%, depois de ter subido 25 pontos base em março, “tendo em conta as condições esperadas e realizadas das condições no mercado de trabalho e da inflação”, refere o comunicado da Fed. A decisão foi unânime e esperada pelos analistas, sendo que a previsão dos economistas é que mudanças aconteçam só em junho. Estão previstas mais duas subidas da taxa de juro até ao final do ano.

“Para determinar o calendário e o tamanho dos futuros ajustes aos intervalo-alvo para os federal funds rate, o Comité vai avaliar as condições económicas realizadas e esperadas em relação aos objetivo de pleno emprego e inflação a 2%. A informação recebida desde a reunião do FOMC de março indicam que o mercado de trabalho continuou a fortalecer mesmo com o abrandamento do crescimento da atividade económica”.

O crescimento económico dos EUA cresceu a um ritmo mais lento (0,7%) no primeiro trimestre do ano, enquanto o consumo se manteve estável. A inflação global fixou-se em 1,8% em março e a inflação subjacente (excluindo combustíveis e bens alimentares) em 1,6%. Já o desemprego caiu para 4,5%, o valor mais baixo em quase 10 anos, mas o crescimento do emprego também desacelerou, fatores discutidos pelos 12 membros do comité.

Ajustamentos graduais necessários para a economia

O FOMC vê o abrandamento do crescimento no primeiro trimestre como “transitório” e continua a esperar que, “com ajustes graduais na posição da política monetária”, a atividade económica expanda a um ritmo moderado, as condições no mercado laboral melhorem e a inflação estabilize.

Sobre os estímulos à economia, a Fed refere que “a posição da política monetária permanece acomodatícias, apoiando assim algum reforço adicional das condições no mercado de trabalho e um regresso sustentado da inflação aos 2%”. Depois do fim do programa de compra de ativos, a Fed continuou a reinvestir os juros, uma estratégia que o FOMC decidiu não alterar. Mesmo que alterações tenham sido discutidas, não era esperados anúncios já esta quarta-feira.

A Fed não faz comentários sobre a atuação da administração, mas os efeitos das políticas de Donald Trump sobre impostos, despesa pública e regulamentação na economia são tidos em conta pelo comité. O secretário de Estado do Tesouro norte-americano anunciou na semana passada “a maior reforma fiscal e o maior corte de impostos” da história do país, envolvendo um corte fiscal para o imposto das empresas.

O corte no imposto equivalente ao IRC, de 39,6% para 15%, que vai custar ao Estado norte-americano cerca de 2,2 biliões de dólares ao longo de uma década, deverá ser um fator a que o comité continuará atento. Se aprovadas pelo Congresso, as políticas de Trump podem estimular a economia e levar a uma revisão do número de subidas nas taxas de juro.

As minutas da reunião, documento que dá mais pormenores sobre o que foi discutido na reunião e as diferentes posições defendidas pelos 12 membros do comité, serão divulgadas a 24 de maio.

in Diário Economico

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