José Félix Morgado: “O 3º trimestre marca inversão dos resultados do Montepio”

O Montepio Geral acaba de anunciar os seus resultados do terceiro trimestre. O banco liderado por José Félix Morgado teve entre julho e setembro lucros de 144 mil euros, o que traduz o primeiro trimestre de resultados positivos de há vários a este parte.

José Félix Morgado disse ao Jornal Económico que “o terceiro trimestre marca de facto uma inversão em sentido positivo dos resultados do Montepio”.

O banco em comunicado destaca a melhoria da qualidade dos ativos espelhada na redução do custo do risco de crédito para 1,1%, face a 1,6% registado no final do 3.º trimestre de 2015; na redução das entradas de crédito em incumprimento (crédito vencido a mais de 90 dias e crédito vincendo) em 12,1%; e na cobertura do crédito em risco de 118,9%, considerando imparidades e as garantias hipotecárias associadas.

O banco deve a melhoria dos números do terceiro trimestre (apesar de nos nove meses continuar com prejuízo de 67,5 milhões de euros), à margem financeira. O crescimento de 10,3% da margem financeira; O aumento de 4,9% do produto bancário comercial (incluindo comissões) e a  redução de 8,4% dos custos operacionais, excluindo custos com o processo de redimensionamento da estrutura operativa, justificam a performance do Montepio.

O banco explica os prejuízos nos resultados acumulados do terceiro trimestre. Resultado líquido de -67,5 milhões de euros penalizado pelos impactos específicos ocorridos no 1.º semestre, relacionados com os custos com o processo de redimensionamento da estrutura operativa, com as contribuições sobre o setor bancário, para o Fundo Único de Resolução e para o Fundo de Resolução Nacional e com perdas em investimentos financeiros. Sem esses impactos, os resultados teriam sido positivos de 22,6 milhões de euros.

Detalhando, os custos de reestruturação foram de 32 milhões de euros (incorridos com o processo de redimensionamento da estrutura operativa, no âmbito do plano estratégico em vigor). A contribuição sobre o setor bancário, para o Fundo Único de Resolução e para o Fundo de Resolução Nacional, totalizaram 26,4 milhões de euros, o que compara com 12,9 milhões de euros no período homólogo. O impacto em investimentos financeiros específicos no montante de 52,2 milhões de euros (refere-se ao reconhecimento de imparidades com fundo Vallis e obrigações da Oi). O comunicado explica que este valor “considera a desvalorização de ativos financeiros do setor das telecomunicações e de fundos de reestruturação empresarial, bem como relevação contabilística do earn-out de um ativo financeiro”.

Por fim há um efeito fiscal de 20,5 milhões de euros relativo a esses impactos.

O banco em termos de balanço anunciou uma descida do crédito e uma subida dos depósitos, no acumulado dos 9 meses.

No final do 3.º trimestre de 2016, o crédito a clientes (bruto) totalizou 15 386 milhões de euros, traduzindo o decréscimo de 3,5% face ao período homólogo e a 31 de dezembro de 2015, refletindo o desempenho ao nível da atividade doméstica (-3,2%, em termos homólogos) em resultado de uma exigente política de gestão do risco na concessão de crédito e de repricing ajustado ao risco.

“O comportamento da carteira de crédito, face ao período homólogo, continuou a refletir o maior nível de amortização do crédito à habitação face às novas operações angariadas, resultando num decréscimo homólogo de 4,6% (-3,5% face ao final de 2015), bem como a redução no segmento de empresas (-2,1%), no qual se destaca a diminuição do crédito à construção (-20,7%). A atividade doméstica representa 98,4% do total da carteira de crédito bruto, evidenciando uma reduzida exposição aos mercados angolano e moçambicano”, diz o banco.

Crédito em risco pesa 15,4% do total

As entradas de créditos em incumprimento, nos primeiros 9 meses do ano, registaram uma diminuição homóloga de 37,4%, em linha com a redução de 12,1% do número de contratos. “A qualidade do crédito tem vindo a ser penalizada pelo Top 20 do Crédito em Risco (CaR), não obstante a cobertura de 94,6% de imparidades e colaterais reais associados. Excluindo o contributo negativo deste Top 20 CaR, a CEMG registaria uma evolução homóloga favorável do crédito em risco de -128,9 milhões de euros (-6,6%)”, explica a instituição.

“Consequentemente, não obstante a recorrente redução trimestral do montante do crédito em risco (variação de -0,6% do 1.º para o 2.º trimestre e de -1,6% do 2.º para o 3.º trimestre de 2016), o contributo negativo do Top 20 CaR e o decréscimo do saldo de crédito conduziram a que o rácio de crédito em risco tenha estabilizado, face a 30 de junho de 2016, em 15,4%. Face ao período homólogo, descontando somente o efeito de redução da carteira de crédito, o rácio de crédito em risco reduzir-se-ia para 14,8%”, explica o banco no comunicado. A cobertura do crédito em risco por imparidades e garantias reais ascendeu a 118,9%, e a 48,8% considerando apenas as imparidades.

As dotações para imparidades de crédito decresceram 36,2%, face ao período homólogo, com o custo do risco de crédito a reduzir-se para 1,1%, face a 1,6% registado no mesmo período de 2015.

Do outro lado do balanço, os depósitos de clientes tiveram um crescimento homólogo de +39,6 milhões de euros (+0,3% e -2,9% face a 31 de dezembro de 2015), e mantiveram-se como a principal fonte de funding, passando a representar 59,3% do total das fontes de financiamento. Os depósitos de particulares continuam a ser a principal base dos depósitos de clientes, tendo aumentado 0,3%, face ao 1.º semestre de 2016.

Agência DBRS reviu o rating de longo prazo da CEMG para ?BB', com melhoria do Outlook para Estável, destaca o banco no seu comunicado.

Ao mesmo tempo que salienta a melhoria do rating das Obrigações Hipotecárias emitidas pela CEMG, pelas agências Moody's (de ?Baa1' para ?A3'), Fitch Ratings (de ?BBB-? para ?A-?) e DBRS (de ?A' para ?A (high)'), no seguimento da implementação do mecanismo de Conditional Pass-Through. No passado dia 14 de novembro, a Fitch Ratings anunciou a colocação do Programa de Obrigações Hipotecárias da CEMG em Rating Watch Positive, traduzindo a possibilidade do programa estar em condições de poder atingir o rating ?A+'.

Rácio de capital melhora, mas o rácio CET1 (fully loaded) continua baixo

O Capital core (Capital Institucional + Fundo de Participação) da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) totalizou, no final do 3.º trimestre de 2016, 2.170 milhões de euros, o qual incorpora o aumento do capital institucional de 270 milhões de euros, realizado pelo Montepio Geral ? Associação Mutualista (MGAM), em março de 2016, anuncia o banco detido pela associação mutualista. Deste modo, desde o final de 2015, o reforço de fundos próprios em 7,2% conjugado com a redução de 719 milhões de euros dos Ativos Ponderados pelo Risco (-5,1%), decorrente da gestão da alocação de risco na carteira de crédito e na carteira de títulos de dívida, refletiu-se numa melhoria dos rácios de capital. Nos primeiros 9 meses de 2016, o rácio Common Equity Tier 1 (CET1) evoluiu de 8,82% para 10,43% em phased-in.

Embora na versão ‘fully loaded’ o rácio CET1 esteja nuns módicos 8,19%, ainda assim melhor do que há um ano (6,96%). O que faz do capital um dos temas mais urgentes do banco liderado por José Félix Morgado.

“Os rácios de capital não incluem os efeitos positivos associados ao regime dos Ativos por Impostos Diferidos (+37 milhões de euros), cuja adesão foi aprovada na Assembleia Geral Extraordinária da CEMG realizada no dia 6 de julho de 2016”, explica o banco.

Resultados internacionais

No que diz respeito à atividade internacional do Grupo CEMG, o Banco MG Cabo Verde, Sociedade Unipessoal, apresentou um resultado líquido positivo de 49 mil euros, que compara com 717 mil euros em 30 de setembro de 2015, decorrente da redução em 742 mil euros no produto bancário e da diminuição dos custos operacionais em 74 mil euros. O resultado líquido obtido pelo Finibanco Angola, foi de 9,4 milhões de euros e manteve-se estável face a 30 de setembro de 2015 (+3,2%), traduzindo o efeito de compensação entre a redução dos custos operacionais em 2,7 milhões de euros e a quebra do produto bancário em 2,8 milhões de euros. O BTM, que opera em Moçambique, apresentou um resultado líquido positivo de 144 mil euros nos primeiros nove meses de 2016, que compara com um resultado líquido negativo de 3,3 milhões de euros no período homólogo, beneficiando do aumento de 41,7% do produto bancário e da diminuição de 24,7% dos custos operacionais.

in Diário Economico

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