Amazon: o primeiro alvo de Trump

O índice Dow Jones encerrou em máximos históricos na sexta-feira, registando a melhor semana desde 2011, após a inesperada vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos.

Desde a vitória de Trump na terça-feira, investidores têm apostado nas promessas de campanha do republicano, de simplificar a regulamentação dos setores de saúde e financeiro e impulsionar os gastos com infraestrutura. Na semana passada, o Dow subiu 5,4 por cento, seu maior ganho desde 2011. O ganho de 3,8% do S&P 500 na semana que passou foi o mais forte em dois anos. O Nasdaq também avançou 3,8% no período.

Em contraciclo estão as ações da Amazom que já perderam cerca de 5% desde que Donald Trump foi eleito presidente na quarta-feira. Enquanto isso, o S&P 500 subiu 1,5% nos últimos dois dias de negociação. Não se pode estabelecer uma relação direta entra a queda dos títulos da Amazon e a eleição de Trump, mas conforme noticia a CNBC "não é uma ideia totalmente descabida que os investidores estejam céticos em relação à gigante do comércio eletrónico com Trump no poder".

Trump e Jeff Bezos, CEO da Amazon, trocaram várias acusações públicas durante a campanha. Por várias ocasiões, Trump criticou a Amazon por não pagar os impostos que seria justo pagar, e afirmou que a empresa estava de alguma forma protegida, devido à propriedade do ?Washington Post', um jornal que Trump, por várias vezes apelidou de desonesto, pertencer a Bezos.

"Se a Amazon pagasse os impostos justos, as suas ações desvalorizariam e a empresa seria desfeita como um saco de papel. O ?truque' do Washington Post é salvar a Amazom", escreveu Donald Trump, num post no Tweeter.

Num outro post, Trump afirmou que "o Washington Post, que perde fortunas, e é propriedade de Bezos, tem como objetivo manter as baixas taxas de imposto aplicadas à sua companhia não rentável, a Amazon."

Trump deixou bem claro que tem contas a acertar com as companhias de Bezos, e ameaçou que ambas estariam na agenda do presidente se ele fosse eleito: “A Amazon foge aos impostos e Bezos usa o Washington Post como uma ?arma' para que os políticos em Washington não tributem a Amazon como deveria ser tributada… Ele usa o Washington Post como uma ferramenta política contra mim, e fica o aviso: não podemos deixar que isto fique assim”.

No entanto e, apesar das "ameaças" de Trump à companhia, a política fiscal proposta pelo novo presidente traz benefícios para a Amazon, através da redução das taxas de imposto sobre as empresas de 35% para 15%, e do corte da taxa de imposto sobre a renda realizada no exterior de 35% para 10%.

A Amazon cresceu tanto que precisa de Washington do seu lado para continuar o processo de evolução. A empresa está atualmente avaliada como sendo a 5ª empresa mais valiosa dos EUA estando a sua atividade intimamente ligada a matérias governamentais como impostos sobre vendas, segurança cibernética, a neutralidade da rede, e transportes de mercadoria.

“Se a sua empresa é tão grande como a Amazon, seria tolice fazer do novo governo um inimigo”, afirmou Lee Drutman, membro sénior da "New America Foundation" no seguimento da sugestão de Bezos de enviar o republicano numa "viagem de ida para o espaço".

“Tendo em conta o que está em jogo para a Amazon, porque é que o Bezos decidiu entrar nesta luta?”

Na sua mais recente apresentação trimestral, Amazon advertiu para a questão de que mudanças nas políticas governamentais poderiam prejudicar os seus negócios declarando que,  “estamos sujeitos a regulamentos gerais de negócios e leis, bem como regulamentos e leis que regem especificamente a Internet, e-commerce, dispositivos eletrónicos, e outros serviços. Leis e regulamentos existentes e futuros podem impedir o nosso crescimento.”

in Diário Economico

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