Este é o caminho!

No que às matérias de literacia financeira diz respeito, Portugal parece estar no bom caminho. Os dados são do último relatório publicado pela OCDE sobre o assunto, estando o nosso país em 10º lugar, acima da média dos 30 países que participaram no estudo.

Portugal ocupa a 5ª posição no indicador de atitudes financeiras e a 8ª no indicador de comportamentos financeiros, o que reflete bem a nossa cultura de aforro e as nossas preocupações com a estabilidade financeira futura. O segundo Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa vem exatamente corroborar esta ideia, ao indicar que os portugueses afirmam preferir poupar antes de comprar, controlar sistematicamente as suas finanças e pagar as contas dentro dos prazos. O estudo da OCDE indica que 93% dos portugueses afirma que antes de fazer uma compra pensa se tem possibilidade de a pagar e que seis em cada dez pessoas têm atitudes financeiras com impacto de longo prazo.

A poupança é uma preocupação dos inquiridos e, desde 2010, altura em que foi feito o primeiro Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, que se nota um crescimento do número de pessoas que referem ter hábitos de poupança: 52% e 59%, respetivamente. Contudo, a maioria afirma deixar o dinheiro na conta à ordem, o que denota alguma passividade. Como tal, resulta claro que é preciso trabalhar os conhecimentos sobre os produtos de investimento, de modo a potenciar ainda mais a poupança.

Já no que aos conhecimentos financeiros diz respeito ainda há um longo trabalho a fazer. O estudo da OCDE posiciona-nos em 13º lugar e o Inquérito do Conselho Nacional de Supervisores confirma a necessidade de melhoria. Os conhecimentos de conceitos financeiros ainda são baixos. Por exemplo, 40% dos portugueses não consegue calcular juros compostos, apenas 21% sabe o que é um ?spread' e 10% a Euribor.

Mais uma vez os estudos evidenciam que os homens revelam mais conhecimentos financeiros do que as mulheres. Os jovens, os idosos e quem tem menos recursos financeiros são ainda dos grupos populacionais onde se nota menor conhecimento. É preciso continuar a trabalhar com as escolas e com os professores, intensificando e generalizando o trabalho a todo o país, para que as próximas gerações relevem maior conhecimento e sejam financeiramente autónomos. A escola terá, sem dúvida, um papel fulcral na melhoria da literacia financeira, mas também deverão ser criadas ações especificamente orientadas para mulheres, indo ao encontro da sua maior necessidade de formação neste domínio, bem como refletir estas necessidades nas políticas públicas sensíveis à diversidade de género.

As associações do setor financeiro, as ONG e o poder local podem, no domínio da literacia financeira para adultos, desempenhar um papel fulcral! Em particular o setor financeiro, detentor de ?know-how', deve continuar a apoiar a sociedade civil neste percurso, assumindo a sua responsabilidade social no aumento dos níveis de literacia financeira dos portugueses. Um trabalho conjunto que começa, agora, a ter resultados mensuráveis e positivos, mas que revelam um largo caminho a percorrer.

 

in Diário Economico

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