Eric van Leuven apela a Governo para “não matar a galinha dos ovos de ouro”

“Esperamos que os parceiros de coligação [do Governo português] (…) não se lembrem de matar a galinha dos ovos de ouro”, afirmou Eric van Leuven, na apresentação do Marketbeat Portugal Outono 2016.

De acordo com o managing partner da Cushman & Wakefield (C&W) , o mercado imobiliário português “continua relativamente pujante, tanto do lado da ocupação, como do lado do capital”. Assim, o responsável máximo da consultora imobiliária em Portugal afirmou que o país “precisa de capital”, capital esse que, “quer queiramos, quer não, vem do estrangeiro”, e lembrou que os investidores internacionais não apreciam “que brinquem às fiscalidades”, frisando ainda que estes investidores têm alternativas ao mercado nacional. “Parece-me, claramente, que houve descoordenação entre o Governo e o partido que o apoia [Bloco de Esquerda]”, continuou van Leuven, revelando achar que “vai acontecer algo”, relativamente à proposta de imposto sobre o património imobiliário. Neste sentido, o managing partner da C&W referiu que, se uma yield prime, “na Avenida da Liberdade”, estiver a 5% e se o Governo ficar com 1%, esta passará “a ser 4%”. “Para 4% vou a Barcelona ou a Paris e, portanto, isto é muito básico”, reforçou. “Não se sabe se é 1%, não se sabe quais os imóveis afectados, mas é um valor sobre o valor patrimonial tributário que, segundo [a deputada] Mortágua é 10 vezes menos do que o valor do mercado, o que deixou de ser verdade há muitos anos, depois da reavaliação que se fez ao património”, explicou. Para Eric van Leuven, esta medida “afecta directamente o rendimento de um imóvel e se nós, que temos cá casa, dificilmente fugimos”, os investidores estrangeiros vão verificar que a sua rentabilidade em Portugal passa “de 5% para 4,25”, poderão preferir dirigir-se para um país “que tenha mais liquidez, mais inquilinos, uma política fiscal mais estável”. Ao mesmo tempo, esta medida afectará também “o investimento institucional” e o managing partner sublinha que a rentabilidade baixa, tornando Portugal “menos competitivo e menos interessante”. Contudo, além “deste efeito imediato”, haverá também, segundo van Leuven, um efeito “mais generalizado, que é a instabilidade”.

Escritórios sem espaço no centro

Na apresentação do estudo, Carlos Oliveira, director de Escritórios da C&W, explicou que “desde o início da crise, todos os projectos pararam, e o que está a acontecer neste momento é alguma escassez de edifícios de qualidade”. “Existem muitos activos que não correspondem às exigências das empresas que estão mais dinâmicas neste mercado e essa paragem dos projectos está a ter agora alguma recuperação, com alguns pré-arrendamentos que se verificam, e também com alguns projectos de reabilitação”, continuou o responsável da consultora. Para Carlos Oliveira “faz todo o sentido a reabilitação de edifícios de escritórios dos anos 70 ou 80 no centro da cidade [de Lisboa] para dar resposta a esta procura, no entanto, o sector dos escritórios está a competir com sectores que pagam mais, como o residencial e o de hotelaria”. Assim, o responsável da área de escritórios da consultora imobiliária sublinha que existem muitos edifícios passíveis de recuperação para receberem escritórios, “mas o promotor, quando olha para a rentabilidade de fazer um projecto de habitação, especialmente nas zonas mais centrais, ou fazer um hotel, vê rapidamente que os escritórios não fazem muito sentido”, criando, desta forma, “uma situação paradoxal, “porque as rendas ainda não pagam totalmente a construção nova”. Ao mesmo tempo, Carlos Oliveira destacou “a falta de transportes públicos de qualidade para o Corredor Oeste

in Construir

Ver original


Parcerias

Arquivo