O grupo Soares da Costa está, desde a semana passada, na posse de uma garantia bancária de 70 milhões de euros, o cumprimento da obrigação assumida pelo novo investidor, António Mosquito, disse esta segunda-feira o presidente executivo.
Em declarações aos jornalistas depois da assembleia geral extraordinária que aprovou por unanimidade a entrada do empresário angolano António Mosquito na Soares da Costa Construção, o presidente executivo do grupo, António Castro Henriques, afirmou que este passo “garante o pagamento da obrigação de investimento assumida pelo investidor”, devendo o contrato entre as duas partes ser assinado nos próximos dias.
No entanto, falta saber se terá de ser pedida autorização à Autoridade da Concorrência para a operação, algo que compete ao investidor que assume 66,7% da construtora, bem como “a mais trabalhosa” tarefa de conseguir o consentimento da banca, nas palavras de Castro Henriques, sem que fosse adiantado para já em que condições ficarão os órgãos sociais do grupo.
“A Soares da Costa trabalha com mais de duas dezenas de bancos, há seis que integram o programa financeiro. Esses são os mais significativamente interessados, mas pode haver cláusulas, por exemplo, de estrutura acionista em contratos de financiamento que tenham que ser alteradas e para isso é preciso o consentimento dos bancos. Nem lhe sei dizer quantos, mas no limite a vintena de instituições com quem trabalhamos”, afirmou o presidente executivo, que referiu que o processo não deverá estar concluído em menos de 30 dias.
O presidente do conselho de administração, António Gomes Mota, disse que a entrada do novo investidor, que ganha o controlo do setor da construção da Soares da Costa, onde está a quase totalidade dos 4.500 trabalhadores do grupo, significa que se passa “de uma grande empresa de construção em grandes dificuldades financeiras para uma grande empresa que passa a ter uma estrutura de capitais mais forte, uma estrutura de endividamento menos asfixiante, fundo de maneio para desenvolver as atividades e um reforço de posição num mercado particularmente importante como o de Angola”.
Quer Castro Henriques quer Gomes Mota sublinham que a opção de venda que o grupo detém (e o direito recíproco de compra com que António Mosquito também conta) pode não ser exercida por ser voluntária, entrando o grupo na parceria com um «espírito que perdure no longo prazo».
O presidente do conselho de administração salientou ainda que os recursos humanos da empresa deverão expandir-se, com a eventual dinamização da atividade na construção, reconhecendo que tal não deverá acontecer em Portugal.