Cuba promove oportunidades de investimento na Ordem dos Engenheiros

14-ordem_eng.jpg"As relações entre Cuba e Portugal estão num processo de aprofundamento intenso em diversas áreas, sobretudo na área de engenharia, para a qual há uma grande abertura em Cuba", afirmou Johana de la Torre.

Na conferência "Oportunidades em Cuba", realizada na sede da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, a embaixatriz de Cuba em Portugal destacou que o seu país tem "uma nova lei de investimento", que envolve "uma mudança quanto à identificação do investimento como uma aposta, como parte da estratégia de desenvolvimento do país".

A representante diplomática salientou também o processo de negociação com os Estados Unidos com vista ao levantamento do embargo imposto a Cuba, "que abre um caminho para vencer os obstáculos que hoje tornam muito difíceis as relações de Cuba com os outros países, criando novas oportunidades, sobretudo nas áreas financeiras e económica, ainda muito fechadas ao financiamento externo".

"Se os Estados Unidos demorarem a levantar o embargo, melhor será para as empresas portuguesas que quiserem levar a sua experiência a Cuba", continuou Johana de la Torre, sublinhando que "existem tão poucos países no mundo com uma experiência tão grande em construção" como a que tem Portugal.

Portugal tem "um portfólio excelente"

Ao Construir, Carlos Matias Ramos explicou que Cuba necessita de desenvolver muitas áreas, como "infra-estruturas, energias, conectividade, redes de transportes", áreas que considera serem "determinantes, porque a aposta forte no país, em termos económicos, é o turismo e este sector pressupõe um conjunto de infra-estruturas necessariamente associadas". Contudo, o bastonário da Ordem dos Engenheiros lembrou que o país "não pode fazer tudo ao mesmo tempo e a aposta que será feita dependerá forçosamente da estratégia do Governo". "Nessa perspectiva, o que verifico é que toda a aposta está focada em tudo o que seja facilitador do turismo e de captar o investimento para essa área, o que pressupõe habitação, reabilitação, saneamento e, fundamentalmente, produção de energia", continuou o engenheiro.

Para Matias Ramos, as empresas que pretendam prestar serviços em Cuba necessitam de identificar "prioridades, parceiros e financiamento". Relativamente ao "know-how" que a engenharia lusa poderá transferir para este país das Caraíbas, o bastonário da OE salientou que "a engenharia aprende-se fazendo e temos, em Portugal, um portfólio excelente". "Nos últimos 30 anos, Portugal criou condições determinantes que permitiram uma evolução muito grande da sua sociedade em termos de acesso a bens essenciais e o que fizemos é replicável", reforçou, salientando que a sociedade cubana tem uma enorme capacidade de absorver “a transferência de tecnologia”, o que é também “um factor determinante”.

Todavia, o aspecto fundamental para cimentar a relação entre as empresas portuguesas e o mercado cubano é o financiamento. "O que se passa nas trocas que existem entre os dois países é que há uma necessidade e uma oferta, mas a ligação entre ambas passa por um termo fundamental, que é o dinheiro", referiu o bastonário, explicando a necessidade de "estimular investimento" a fim de permitir às empresas portuguesas de engenharia aplicarem o seu "know-how" a desenvolver esta ilha caribenha. Nesse sentido, Carlos Matias Ramos lembrou que "o embaixador de Espanha em Cuba afirmou que o investimento espanhol expectável em 2015, com destino a Cuba, foi de mil milhões de euros, o que compara com cerca de 70 milhões de investimento de origem portuguesa no país". Para o bastonário, este valor "não deixa de ser considerável dada a nossa capacidade, mas há linhas de crédito e acredito que, mais tardo ou mais cedo, o embargo seja levantado, alterando todo o panorama económico cubano". "Não tenho dúvidas nenhumas de que Cuba está de braços abertos para receber a engenharia portuguesa, assim consigamos ter o tal instrumento fundamental em todo este processo, o financiamento", concluiu. Por sua vez, a embaixatriz destacou, ao Construir, as "escalas semelhantes dos dois países" em termos de dimensão e população e lembrou que "Portugal mudou a sua matriz energética de forma muito célere e Cuba quer fazer o mesmo".

"Falta financiamento"

Fonte da embaixada cubana presente na conferência afirmou que o país tem "muitas empresas de projecto que actuam nas áreas de indústria e construção". "As oportunidades para investimento são muitas, mas a capacidade das nossas empresas é muito limitada e é aí que entram as empresas estrangeiras de projecto", continuou. De acordo com este representante da embaixada, "o financiamento de Cuba é muito limitado – não recebemos financiamento nem do Banco Mundial, nem do Fundo Monetário Internacional e existe ainda a antiga questão do embargo dos Estados Unidos, que nos impede de aceder a financiamento internacional para o desenvolvimento", explicou. Este obstáculo está a afectar o país que carece, por exemplo, de "meio milhões de habitações" para a sua população. "O crescimento está muito limitado, a nossa auto-estrada nacional não foi concluída, porque falta financiamento", exemplificou. Todavia, o país está a garantir financiamentos para a área industrial que também envolve engenharia e construção. "Está uma empresa francesa a participar na ampliação da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel e a Odebrecht construiu o Porto de Águas Profundas de Mariel, actualmente o principal porto do país", continuou o representante diplomático, aludindo à importância, por parte das empresas, em estarem "presentes para participarem no crescimento e desenvolvimento do país nos sectores de projecto e construção, seja civil ou industrial".

in Construir

Ver original


Parcerias

Arquivo