“Casa de Campo” de André Eduardo Tavares ganha Prémio IHRU 2015

O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) só atribuiu, este ano, um prémio, tendo os restantes distinguidos levado para casa menções honrosas. O projecto turístico que reabilitou a aldeia de Trebilhadouro, em Vale de Cambra, foi o grande vencedor da edição deste ano da iniciativa que reconhece intervenções na área da reabilitação urbana. A obra desenvolvida a partir do projecto do arquitecto André Eduardo Tavares foi a única a ser distinguida com um prémio, tendo as restantes “premiadas” recebido menções honrosas. O júri do IHRU, liderado por Teresa Gouveia, e que, nesta 27.ª edição, não encontrou, nas restantes categorias, qualquer projecto que merecesse levar o troféu para casa. Restauro e Recuperação da Igreja e Torre dos Clérigos, no Porto, a Conservação e Restauro das Sete Fontes – Sistema de Abastecimento de Água à Cidade de Braga do século XVIII, em Braga, o Torre de Palma Wine Hotel, em Monforte receberam Menções Honrosas na categoria “Reabilitação de Edifício”, enquanto a Requalificação do Território de Alburrica – Passadiço dos Moinhos de Alburrica, no Barreiro, recebeu Menção Honrosa na categoria “Reabilitação ou Requalificação de Espaço Público”.

O conceito A aldeia do Trebilhadouro localiza-se na vertente Poente da serra da Freita, em Vale de Cambra, a cerca de 625m de altitude. A sua posição estratégica permite-lhe uma visão privilegiada do território circundante nomeadamente a Ria de Aveiro. Em 2011, Trebilhadouro foi classificado como "Aldeia de Portugal" integrando um conjunto de aldeias com quem partilha interesse histórico e patrimonial. Trata-se de uma aldeia de pequena dimensão, onde as construções se implantam segundo um percurso central que atravessa toda a povoação. As construções são de pequena dimensão, maioritariamente com dois pisos, em alvenaria de pedra com estrutura da cobertura e pisos intermédios em madeira e cobertura em telha cerâmica. Trata-se de casas modestas com áreas exíguas e de construção rudimentar salientando-se a qualidade do conjunto arquitectónico, da sua implantação no território e não tanto pela qualidade arquitectónica individual. A aldeia encontrava-se numa situação frágil, as construções em ruína possuiam poucas memórias do seu passado, tornou-se necessário rescrever um. Com base no existente e com uma análise do edificado na região, chegou-se a um princípio de intervenção onde se procurou recuperar a linguagem arquitectónica característica destas construções. As ampliações pontuais seguiram o princípio construtivo primitivo, tanto a nível material como no seu desenho. Pretendeu-se uma imagem coerente e homogénea para o conjunto das casas intervencionadas. O tamanho da aldeia não permite uma grande diversidade e contraste de linguagens. O programa moldou-se à compartimentação primitiva, privilegiando-se a leitura do espaço interior na sua totalidade concentrando espaços de serviço em pequenas "caixas". Procurou-se preservar a escala reduzida das casas como memória e sempre que necessário, reproduziram-se as proporções destes espaços.

in Construir

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