Queda dos preços do petróleo tem levado a desinvestimento no Médio Oriente

abudhabiO mais recente relatório do Construction Intelligence Center (CIC) da Timetric relativo ao Médio Oriente concluiu que a queda do preço do petróleo tem levado os principais investidores na região a escolher outros destinos para investir.

Segundo este estudo, a realidade dos preços baixos do petróleo está a começar a causar impacto aos maiores exportadores de petróleo. Contudo, para Danny Richards, economista sénior do CIC, esta situação tem "as suas vantagens".

A Timetric explica, no relatório, que o colapso nos preços do crude ao longo do último ano está a produzir um efeito negativo nas economias da maioria das nações produtoras de petróleo no Médio Oriente. "Apesar de países como a Arábia Saudita, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos (EAU) terem conseguido manter um crescimento económico contínuo nos últimos trimestres, estão agora a sentir a dor e os seus governos estão a ajustar os seus planos de investimentos", afirma a consultora.

De acordo com as conclusões da mesma, contudo, os preços baixos do petróleo estão a proporcionar um "ímpeto maior" para que os governos da região acelerem os esforços para diversificar as suas economias e, como resultado disso, gerarem algum apoio para a construção de edifícios e de infra-estruturas.

Referindo as mais recentes projecções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Timetric sublinha que o crescimento económico no Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) irá abrandar para 2,8% em 2016, de 3,3% em 2015 e 3,4% em 2014, e as suas posições fiscais irão cair para défices equivalentes a cerca de 13% do PIB.

Neste contexto, a consultora estima que a Arábia Saudita será a mais afectada, sofrendo um "marcado abrandamento económico", com o crescimento a decrescer para 2,2% em 2016, enquanto que os EAU irão também registar um crescimento muito mais lento face aos anos recentes. As previsões para o Qatar são, contudo, relativamente positivo, apesar do baixo preço do petróleo. "Uma grande parte da Visão Nacional 2030 do Qatar consiste na diversificação económica", destaca a Timetric, afirmando que o sector da construção neste emirado deverá receber um impulso, tornando-se um contribuinte mais significativo para o PIB do país.

A consultora explica que a implementação bem sucedida do plano de desenvolvimento de infra-estruturas do Qatar, com um horizonte de cinco anos e avaliado em 210 mil milhões de dólares (198 mil milhões de euros), é "crucial para as previsões económicas". Alguns dos maiores projectos em "pipeline" consistem na Ferrovia Integrada do país, avaliada em 43 mil milhões de dólares (40 mil milhões de euros), o Aeroporto Internacional Hamad, de 17,5 mil milhões de dólares (16,4 mil milhões de euros), e o complexo Lusail City, também avaliado em 43 mil milhões de dólares.

Por sua vez, as preparações para receber o Mundial de Futebol Fifa, em 2022, estão também destinadas a causar um grande impacto positiva na economia e, em particular, na construção. Não obstante, no seguimento das vertiginosas quedas do preço de petróleo, alguns projectos energéticos foram cancelados. Com custos de 6,4 mil milhões de dólares (6 mil milhões de euros) e de 5,6 mil milhões de dólares (5,2 mil milhões de euros), respectivamente, os complexos petroquímicos Al-Karaana e Al-Sajeel, são os dois projectos que já não serão concretizados.

Voltando ao caso saudita, que depende em exportação de energia para 80% da sua receita, a CIC destaca que as previsões não são boas. O país registou um défice fiscal de 2,3% do seu PIB em 2014 e a descida do preço do petróleo irá aumentar esta distância. Em Ouytubro de 2015, a Standard & Poors baixou a avaliação do crédito soberano do país por um ponto, para A+, à medida que espera que o défice orçamental alcance 15% do PIB neste ano. De acordo com as projecções do FMI, o défice geral do Governo saudita irá cifrar-se nos 21,6% do PIB em 2015 e em 19,4% no próximo ano.

A consultora prevê que os EAU registem também um défice fiscal em 2015, como resultado da quebra nas receitas do petróleo, e irá adoptar uma política fiscal mais cautelosa em 2016. Contudo, considerando o alto nível das suas reservas, não se espera que aplica cortes significativos na despesa. A educação e a saúde permanecerão como prioridades, sendo responsáveis por cerca de 21% e 8% do orçamento geral, respectivamente. Neste país, é provável que sejam reduzidos os subsídios para a energia, bem como a despesa nos projectos não essenciais.

"Com a previsão de que os preços do petróleo se mantenham relativamente baixos a médio prazo, os maiores produtores de petróleo no Médio Oriente continuarão a ter de lidar com fracas posições fiscais, de que resultarão cortes na despesa", explica o relatório. Segundo o mesmo, os projectos de construção referentes à área energética continuarão também a sofrer efeitos directos.

"Todavia, pelo lado positivo, a nova realidade dos baixos preços do petróleo irá proporcionar um impulso ainda maior para que os governos da Arábia Saudita, EAU e Qatar desenvolvam os seus sectores não relacionados com o petróleo, fazendo crescer o investimento na construção de edifícios e infra-estruturas", conclui a Timetric.

in Construir

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