Marta Pessoa: O medo agora é diferente, mas há uma concordância com o tempo da ditadura que me aflige
Desde a infância, Marta Pessoa ouvia falar de bufos. Ouvia falar de pessoas do contra. Eram heróis e vilões, mas nunca inteiramente declarados. Tudo continuava a ser ligeiramente sussurrado e tudo continuava a abrir feridas, num país de denunciados e denunciantes, que se podiam cruzar na rua a qualquer instante. Percebeu que, embora no ano em que tinha nascido, em 74, tivesse acabado a polícia política, a cultura de vigilância e a memória da repressão não tinham desaparecido de um dia para o outro. Fez "O Medo à Espreita", vencedor do prémio Amnistia Internacional no Festival Indie 2015, para olhar para a grande base do regime do Estado Novo: o medo. É realizadora, directora de fotografia e uma das produtoras da pequena estrutura Três Vinténs. Antes, tinha feito "Quem Vai à Guerra", sobre a Guerra Colonial a partir da perspectiva das mulheres portuguesas. Quer continuar a dissecar o Estado Novo e os seus ecos. É um longo post-mortem que precisa de ser feito.
in Jornal de Negócios

Ver original


Parcerias

Arquivo